Ah, um detalhe interessante: o audio guide desse museu é um I-Pod. Viva a tecnologia!
A exposição era divida em três eixos: o Eixo do Exílio (uma longa linha mostrando para onde os judeus se exilaram), o Eixo da Continuidade (a parte principal da exposição, cobrindo dois mil anos de história judia na Alemanha) e o Eixo do Holocausto (curto e que acaba num beco sem saída; tematicamente muito apropriado). Aqui vemos o começo do Eixo do Exílio:
Já no Eixo da Continuidade, um alho gigante, que os visitantes podiam abrir e fechar:
Qual a simbologia do alho, você está se perguntando? Bem, ele simboliza as três comunidades judias mais importantes da Idade Média na Alemanha: Speyer-Worms-Mainz; pegando as primeiras letras dos nomes dessas comunidades, faz-se um som como "shum", que significa alho em hebraico.
O Torá:
Diversas placas de rua relativas a judeus:
Começo da seção sobre as perseguições dos nazistas:
Maquete de uma sinagoga:
Representação de uma árvore importante para os judeus:
Adoramos, mas infelizmente tivemos que escutar só os highlights do audio guide, não daria tempo de fazer tudo como se deve, pois o museu fechava às oito da noite.
Saímos do Museu Técnico quando fechou, às 17h30 e fomos pro quarto e último museu do dia: o Museu Judeu de Berlim. Esse museu me foi altamente recomendado pela Fannie, minha ex-colega do Cégep. E ela tinha toda a razão. O museu é uma experiência marcante. A sobriedade do lugar, a arquitetura do prédio e o design das salas são extraordinários. Nunca vivi algo parecido. Só pra vocês terem uma idéia, os "audio guides" eram Ipods. A gente ia seguindo as explicações das exposições e ficando boquiaberto com cada painel apresentado, cada objeto descrito, cada testemunho escutado. O que mais me marcou foi o "Eixo Holocausto". Eu pensei que ia me deparar com várias fotos de judeus sendo barbarizados pelo regime nazista em campos de concentração, mas entramos numa sala de concreto, estreita, escura e fria (ela não dispõe de um sistema de aquecimento), de paredes lisas e altas a não poder mais, onde escutávamos barulhos de trem, crianças brincando num parque, gente falando, e com uma fresta mínima no teto, por onde passava uma luz fraca e esbranquiçada. Meu corpo e minha mente interpretaram esse ambiente como algo claustrofóbico, hostil, perigoso e inumano. Não consegui ficar lá dentro mais do que um minuto. Abri a porta e me joguei pra fora dali o mais rápido possível. Depois, fiquei imaginando o que é que podia se passar (porque eu nunca vou poder realmente saber o que era estar numa situação tão aflitiva de verdade) na cabeça de uma pessoa presa num campo de concentração. Nunca mais vou esquecer a sensação horrível que senti dentro daquela sala fria, escura e dura. Outra nódoa triste e negra na história da humanidade. Minutos depois, Valdir e eu vimos um vídeo com uma das entrevistas que a filósofa Hannah Arendt deu, e ela resumiu perfeitamente o que eu penso: "Isso não deveria ter acontecido NUNCA! E eu não estou me referindo ao número de mortos, mas ao que foi feito aos corpos". Um pouco de mim morreu naquela noite...
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